quarta-feira, 15 de junho de 2011

O amor é finalmente de Gregório de Matos

Mandai-me Senhores, hoje

que em breves rasgos descreva

do Amor a ilustre prosápia,

e de Cupido as proezas.


Dizem que de clara escuma,

dizem que do mar nascera,

que pegam debaixo d’água

as armas que o amor carrega.

O arco talvez de pipa,

a seta talvez esteira,

despido como um maroto,

cego como uma toupeira

E isto é o Amor? É um corno.

Isto é o Cupido? Má peça.

Aconselho que não comprem

Ainda que lhe achem venda

O amor é finalmente

um embaraço de pernas,

uma união de barrigas,

um breve tremor de artérias

Uma confusão de bocas,

uma batalha de veias,

um reboliço de ancas,

quem diz outra coisa é besta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário